segunda-feira, 23 de maio de 2016

O que declarar quando chegar no Canadá?

Tenho visto bastante posts nas comunidades de imigração sobre o que declarar, como declarar, etc. Por isso resolvi fazer esse post e tentar explicar mais ou menos as diferenças entre a declaração que é feita na entrada do Canadá na aduana e as informações que serão necessárias para a declaração de imposto de renda. Claro que não sou nenhuma expert, mas isso é de tudo que já li, da experiência com nosso consultor financeiro e experiências de amigos que moram aqui. Talvez ano que vem quando faça minha declaração de IR aqui tenha mais dicas para dar!

A declaração que fazemos na entrada do Canadá é para a aduana. Ela deverá ser feita na primeira cidade que chegarmos (junto com o landing). Depois da imigração, você vai passar na aduana e eles vão questionar o que você está trazendo e o que virá de bens depois. Eles só estão interessado em saber o que está entrando fisicamente na pela fronteira e querem garantir que, no futuro quando nós trouxermos alguma coisa que ficou no Brasil, a gente não pague nenhum imposto.  Então, basicamente, neste momento, a declaração é a seguinte:

  1. Valores em dinheiro ou travel cheques (alguém ainda usa isso?) correspondentes a mais de CAN $10 mil por família, em qualquer moeda - então se você tem com você em cash mais de 10 mil, tem que marcar SIM e declarar na entrada, não se paga nenhum tipo de imposto para declarar esse valor acima dos dez mil, mas caso você não declare, pode ter problemas de acharem que é lavagem de dinheiro e provavelmente vão questionar em relação à origem.
  2. Alimentos, plantas, animais - se estiver trazendo animais com você ou aquela lata de leite condensado que você não vive sem, agora é a hora. Sugiro declarar qualquer comida, pois o que já me explicaram é que se for algo que não pode entrar, eles simplesmente vão tirar e se você tiver declarado não terá problema nenhum. Agora, se não tiver declarado, pode pagar uma multa pesada (escrevi no post da chegada sobre um chinês que tinha sido pego com carne e queriam que ele pagasse $400 de multa na hora ou $800 depois!!).
  3. Álcool e tabaco - os limites no Canadá são bem baixos em relação a álcool e tabaco, por isso também declare se tiver alguma coisa a mais. A multa aí de cima também serve para esse item se não tiver declarado.
  4. Bens que estão chegando com você - eu fiz uma lista de todos eletrônicos que estavam chegando comigo com número de série e outros bens como roupas, decoração, etc. que eu estava trazendo. A lista era bem completa e nem quiseram olhar para ela. Mas no site do governo canadense diz que temos que declarar o que estamos trazendo. Por via das dúvidas, melhor trazer essa lista. Eu igual tinha uma lista bem detalhada de cada uma das minhas caixas em caso de perda de alguma delas (dica também é tirar fotos para provar o que tinha caso percam alguma coisa).
  5. Bens que virão no futuro - Isso é para qualquer bem que você quer trazer no futuro. Pode ser algumas roupas que ficaram, pode ser seus livros, decoração da casa, um carro que você vai trazer do Brasil (e pagar mais caro para mandar ele de navio que comprar um novo aqui... hahahahaha), enfim,, qualquer coisa que você nem tem certeza se vai trazer, mas que acha que pode um dia querer. Inclusive para quem for despachar por navio, é necessário preencher tudo que vai chegar de móveis e objetos. Para vocês terem ideia, no meu formulário tem meus quadros, livros, álbuns, fotos e roupas. Eu não deixei muita coisa no Brasil, então foram bem poucas coisas que tive que declarar.

É simples assim? Sim! A chegada é super simples e eu vou ser sincera que não conheço ainda alguém que tenha tido problemas. Mas daí, como imigrante cheio de coisas novas para pesquisar e descobrir, começamos a ficar com várias dúvidas. Vou tentar responder algumas que são as que tenho mais visto:
  • E o valor referente ao dinheiro que eu transferi antes de chegar no Canadá para minha conta canadense? Esse valor não é declarado na entrada do país, você só vai precisar declarar ele quando for fazer a declaração de imposto de renda.
  • E os valores referentes aos investimentos e dinheiro no banco que tenho ainda no Brasil e que pretendo trazer para o Canadá? Você não declara nada disso na entrada, nem quanto tem de dinheiro no Brasil e que um dia vai trazer para cá, ou deixar lá, ou depositar em uma conta nas Bahamas. Isso também só vai para seu imposto de renda.
  • E meu carro e casa/apartamento que eu deixei para vender no Brasil, declaro também quando chegar? Você vai colocar eles em um contêiner e trazer para o Canadá? Se não vai, então também só declara no imposto de renda.
Fácil né?! Acho que a gente começa a criar um monte de minhoca na cabeça e acaba confundindo um monte de coisas. A chegada é simplesmente isso.

Já em relação ao que fica no Brasil em termos de valores no banco e imóveis, é um pouco mais complexo para o imposto de renda canadense. Vou dar algumas dicas que me deram quando eu vim:
  1. Se tiver algum imóvel no Brasil, faça uma avaliação atualizada com um correto credenciado e mande traduzir. Quando você for vender o imóvel, o IR que você vai pagar aqui vai ser com base na diferença do valor de venda do imóvel em relação ao que valia na época de entrada no Canadá, por isso é importante ter essa avaliação quando chegar aqui.
  2. Tenha também os extratos da conta corrente e investimentos quando chegar aqui. Os rendimentos de investimentos contam como renda e por isso é importante saber quanto vocês tinham quando chegaram para a primeira declaração de IR.
  3. Lembre que qualquer rendimento, seja ele de poupança, de aplicações financeiras ou de venda de um bem, você vai declarar no Canadá como uma renda e isso pode fazer com que você mude de faixa de imposto (provavelmente fará).
  4. Tente assistir a alguma palestra sobre declaração de imposto de renda e saída definitiva do Brasil o quanto antes quando chegar. Eu tive a sorte de poder assistir uma ainda esse ano, o que deu várias dicas importantes para a declaração do ano que vem. Sugiro verificar nas comunidades brasileiras um consultor financeiro chamado José Roberto Barros, ele pode orientar casos mais específicos e mais complicados. Ele sempre dá palestras sobre IR em conjunto com um consultor contábil canadense e sobre saída definitiva do Brasil. Super recomendo!
  5. A declaração de renda é feita na mesma época que no Brasil (de março a abril para o ano base anterior). 
  6. Caso comprem os passes mensais de transporte público, guardem uma cópia dos recibos (pode ser digitalizadas), pois eles são deduzidos do IR aqui no Canadá (só passes mensais!!).
  7. Em 2015, o valor de isento foi um pouco mais de 11 mil CAD. Lembrando que entra como renda: sua renda do Brasil, qualquer renda que tenha no Canadá no ano, qualquer rendimento de aplicações financeiras e ganho de capital. 
  8. Imóveis com valor menos a $100 mil CAN não precisam ser declarados. Mas minha sugestão para quem pretende vender imóvel no Brasil é declarar já na primeira vez que vai fazer o imposto de renda, pois senão depois vai ser mais difícil de mostrar de onde saiu o dinheiro.
  9. O Brasil e o Canadá tem um acordo de não ter bi-tributação, então o imposto que se paga no Brasil será deduzido do que você vai pagar aqui no Canadá, mas se o imposto aqui for maior, você ainda terá uma diferença para pagar.
Imposto de renda é um assunto complexo tanto no Brasil quanto no Canadá e cada pessoa tem uma situação financeira particular, por isso é difícil dar dicas para todos. Mas espero que com isso vocês já tenham uma ideia para irem se preparando.

Se tiverem mais perguntas, por favor coloquem nos comentários que eu vou tentar responder! :)

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Nossos PRs chegaram!!

Acho que depois do CSQ e do visto, a terceira espera é termos o cartão de residente. Os nossos acabaram de chegar!! Muito lindo ver a cartinha do Governo do Canadá e abrir e ter nossos cartões de residente permanente. Agora já podermos sair e entrar do país!


domingo, 15 de maio de 2016

7 semanas depois...

Tenho pensado muito no que escrever no blog nos últimos dias, e na verdade não tenho tido muita inspiração! Hoje estamos completando 7 semanas nessa nova cidade e eu tenho a impressão que moro aqui há anos, pela maneira como estou adaptada.

Eu sei que minha história provavelmente não é a mais comum para maior parte das pessoas que imigraram para o Canadá. Eu consegui emprego 2 semanas depois de ter chegado e isso ajudou muito com a minha adaptação. Já tenho uma rotina, ir ao trabalho, ir para aula de francês, sair com os amigos...

O Eduardo decidiu que vai fazer um curso em um College, as aulas começam em junho. Ele já fez algumas entrevistas de trabalho, bem produtivas, mas nada certo ainda. Mas como já estou trabalhando e já consigo pagar as contas, não estamos com tanta preocupação agora.

O Black já conhece todas as árvores da vizinhança e também está bem feliz e adaptado. Já inclusive voltou a usar a casinha dele para dormir, mesmo depois de todo o trauma da viagem.

Gosto do apartamento que estamos, apesar de querer mudas várias coisas nele. Infelizmente não podemos mudar nada, mas essa é a única coisa que eu gostaria de mudar, ir para minha casa definitiva, mas estamos aqui até dia primeiro de julho.

Vou dizer que nem de churrasco tenho sentido saudades e depois que comprei pão de queijo, minha vida está completa! :)

SIEL / FEL

Várias pessoas me perguntaram sobre a Francisation e SIEL, por isso resolvi fazer um post sobre como foi minha experiência.

Quando recebi o CSQ eu resolvi entrar direto no FEL (Francisation en ligne). Super motivada, comecei a fazer o teste e ele é longo, muito longo... Acho que entrei umas 3 vezes no teste até terminar (você pode parar ele no meio e depois voltar), mas mesmo assim no final já estava marcando a primeira coisa, sem prestar mais muita atenção. Quando finalmente consegui terminar o teste, comecei a fazer os módulos, fiquem no nível intermediário.

No começo, eu estava super motivada. Os módulos me pareceram bem legais, falam de coisas sobre o Québec mesmo, o que eu achei bem interessante para conhecer mais sobre a vida no Québec. Mas depois de um mês, eu meio que cansei de fazer os módulos online. Agora um parênteses, eu não sou uma pessoas autodidata, eu gosto muito mais de fazer um aula presencial que online, só consigo estudar online se tenho um objetivo bem determinado, tipo, vou fazer um teste daqui x dias e preciso terminar um curso até lá. No FEL, eu não tinha muito um objetivo, o visto me parecia tão longe e a falta de atualização do federal acabou me deixando um pouco desmotivada. Claro que isso pode ser só uma desculpa, mas depois de um tempo, o meu dossiê foi fechado e eu não me importei muito.

Tentei voltar para o FEL no meu último mês no Brasil, mas outra vez eu não consegui fazer o curso pela quantidade de coisas que tínhamos para fazer no último mês. Daí resolvi deixar para fazer o francês aqui, quando chegasse.

Em fevereiro, resolvi também fazer o SIEL. Esse sim eu achei bem legal para preparação. Você também pode fazer ele aqui, mas eu gostei de fazer antes de vir. Basicamente são duas reuniões de orientação com uma pessoa que vai te dar dicas sobre teu plano de integração, além de alguns módulos online sobre a cultura, responsabilidade social, documentos importantes para chegada, mercado de trabalho, etc. Você mesmo prepara um plano do que quer fazer no Canadá, tipo de vaga, empresas, etc. e o orientador vai criticar teu plano e teu CV e carta de apresentação para as empresas. Esse sim eu recomendo e acho que vale a pena. Na última semana no Brasil eu não tive muito tempo de terminar os módulos, pois foi muita correria, então eu recomendaria as pessoas começarem pelo menos 4 meses antes de ir embora.

Em relação à Francisation aqui no Canadá, eu cheguei a me inscrever em tempo integral, mas como comecei a trabalhar, nem fiz o teste de nivelamento. O Eduardo chegou a fazer o teste de nivelamento e está esperando ser chamado, caso abra alguma vaga.

Enquanto aguardamos, estamos fazendo francês em um centro, preço bem interessante e estou gostando bastante do curso. Minhas aulas são à noite, perfeito por causa do trabalho. Uma pena que no trabalho não tenho tido muita chance de praticar francês.